Um guia nada sério sobre equipamentos de home office nômade
- favettagiovanna
- há 5 dias
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Atualizado: há 3 dias

Enquanto escrevo esse post eu e o Mayke já estamos há 8 meses vivendo como nômades digitais. Nós trabalhamos online com design / jogos / ilustração / o que mais aparecer e nos hospedamos em Airbnbs passando um mês em cidades no Brasil.
É claro que equipamento de trabalho é algo absolutamente pessoal, muita gente trabalha só com um notebook e usando o trackpad (eu chamo de monstros), mas resolvi escrever esse post pra falar algumas groselhas sobre o que uso no meu dia e o que dá certo e o que já deu errado pelo caminho.

Primeiro uma observação, como nós trabalhamos na área criativa nossa mesa precisa de alguns equipamentos a mais do que, por exemplo, quem trabalha escrevendo ou com planilhas. Por isso esse post vai fazer mais sentido pra quem mexe com programas gráficos no geral.
Notebook
O mais importante e caro certamente é o computador. As especificações do notebook dependem imensamente da atividade que se pratica, eu trabalho principalmente com Illustrator e photoshop, por isso não preciso de algo tão avançado quanto quem faz edição de vídeo ou 3D por exemplo.
Na realidade eu passei 8 anos trabalhando com um Lenovo Yoga 510. Comprei esse guerreirinho usado em 2018, troquei o HD por um SSD e trabalhei com ele durante todos esses anos (2 destes na praia, no ambiente mais insalubre possível) com sua tela touch e módicos 8gb de memória ram.
Ele funcionou super bem nesse tempo, nunca deu problema, mesmo que nos meus ataques de raiva eu tenha chegado a rachar a tecla Ctrl no meio (kkkcrying). Eu tava confiante de que iria aguentar a viagem, mas quando estávamos no lugar mais aleatório e remoto possível, aonde Correios claramente não chegavam, ele deu problema.
No caso, o Windows resolveu se revoltar, entrando em um looping mortal sem nenhuma explicação. Foi só graças a inteligência do Mayke de bootar ele com Linux que recuperamos o coitado.
Ainda assim, isso foi um grande sinal de alerta. Dependo totalmente do notebook pra trabalhar, era perigoso continuar com um aparelho antigo que podia pifar a qualquer momento, porque é claro que isso aconteceria no pior lugar possível.

Então com grande pesar e algumas lágrimas resolvi investi em um novo notebook e aposentar meu idoso cansado.
Falando assim parece fácil, mas a realidade é que passei um mês pesquisando, caçando promoção e choramingando bastante atrás de um novo notebook. Infelizmente precisei renegar ao meu tão amado touchscreen, que desde 2013 insisto em manter nos meus aparelhos, em função de digamos, algo que funcione.
Por fim segui na Lenovo que me serviu tão bem todos esses anos e comprei o, já praticamente fora de linha, Lenovo Yoga 6i. E preciso admitir engolindo minha história e meu orgulho que no final foi uma ótima troca.
Escolhi ele por ter uma maravilhosa tela IPS de última geração que deixa meus desenhos com cores lindas, ser super fininho e leve e ter incríveis 16gb de ram, o que pra quem se virou com 8gb todos esses anos é um enorme upgrade.
Como disse no começo, computadores são algo muito pessoal, mas uma dica que posso dar no geral pra quem busca a vida nômade é: se possível, invista em algo mais moderno e portátil.

Eu sei que seu notebook de estimação de 10 anos é ótimo, mas é incrível a diferença de peso e tamanho dos notebooks atuais, realmente faz toda diferença na hora das mudanças. Além a confiança de que algo mais novo não vai dar problema no pior momento imaginável (teoricamente é claro).
Hub USB
Notebook atuais tem um sério problema de entradas. No nosso caso de nômades isso é perdoável, pois existe uma perda de portas em função da mobilidade, mas é ridículo não ter no mercado aparelhos mais robustos com todas as entradas imagináveis.
De qualquer forma um hub é bem necessário, ele ajuda é claro a ligar todos os cabos, mas mais do que isso, a organizar os fios na hora da mudança. Com ele é possível enrolar todos os cabos que uso de carregamento e conexão ao redor do hub e na hora de remontar o escritório só religar tudo sem precisar desembolar fios e caçar eles no caos da necessaire.
No momento uso esse hub com conexão tipo C, os cabos ficam assim enroladinhos nele quando nos mudamos.

Suporte
O suporte pro notebook é bem importante pra questão (da pouca) ergonomia que temos enquanto viajamos. A mesa e cadeira de cada lugar têm uma altura diferente, então o suporte atua pra compensar essa diferença e diminuir um pouco as constantes dores no pescoço e costas.
Meu pc não esquenta muito, então o suporte que uso não tem cooler acoplado, pois saiba que caso precise ele vai ser mais trambolho pra carregar.
Já testei algumas opções disponíveis de suportes dobráveis.

O primeiro foi esse modelo que é horrível, sim é mega portátil, mas completamente bambo, não aguenta o peso do aparelho e é instável.
Meu modelo atual é esse e é muito melhor. Ele dobra e fica bem fininho, mais estável, tem bastante variação de altura, tem base giratória e ainda permite trabalhar com o pc no colo. Das opções que pesquisei foi a que melhor atendeu sem custar uma fortuna.
Periféricos
Em casa eu uso um lindo e maravilhoso teclado retro da Logitech.

Porém viajando acho difícil levar um teclado. Normalmente nós não temos muito espaço pra montar nosso escritório, como estamos em dois costumamos ficar espremidos em uma mesa pequena ou fazendo alguma gambiarra em mesas de jantar, então um teclado não encaixa nessa dinâmica.
Já mouse é totalmente necessário, eu sigo com meu mouse baratinho da Logitech que depois de muitas quedas segue firme e forte (não sabemos por mais quanto tempo). Levo também um mousepad pra garantir que ele vai rodar bem em qualquer tipo de mesa e um simpático apoio de pulso de coelhinho.

Mesa digitalizadora
Eu comecei a viagem com a minha mesa digitalizadora, uma Huion HS611 coral, mas ela não é nada compacta. Funcionava super bem no escritório em casa com um suporte próprio e espaço de sobre, mas virava um trambolho na hora de organizar as coisas em lugares mais apertados.
Por isso resolvi investir em uma compacta UGEE S640 com metade do tamanho. Ela faz uma enorme diferença na hora de transportar e economiza um baita espaço.

Música
Um fator totalmente essencial é como ouvir música enquanto trabalho.
Alguns fazem questão de um headphone, eu vivo bem com meu xodó e melhor amigo o Galaxy Buds plus, comprado em 2020 (por um preço muito menor do que ele custa hoje, bizarramente) ele me acompanha desde então.
Na época escolhi ele por ser o único com 10h de bateria interna, fora a bateria do case e o que ajuda demais. Passo o dia inteiro com ele no ouvido sem descarregar, horas de ônibus, trilhas e ele segue firme.
Outro item indispensável é a caixinha de som. Aqui indico muito a simpática Edifier MP85 que já comentei por aqui. Ela é uma gracinha supercompacta, literalmente cabe no bolso e tem um excelente som pro seu tamanho.

Monitor portátil / tablet
Esse foi o item que me motivou a escrever esse post.
Um monitor de apoio é extremamente necessário no meu trabalho, em casa eu tenho um belíssimo LG IPS de 22 polegadas, mas pra viajar precisava de algo bem mais compacto.
Depois de muita pesquisa comprei um monitor portátil da Acer e bom, foi uma escolha horrível.
Assim que chegou já foi uma decepção, ele não vinha com fonte, somente um cabo que não tinha entrada pro meu computador. Uma capa que funcionava de suporte, mas era completamente instável a ponto de precisar de pregadores pra não soltar. Sequer acompanhava um manual mostrando como montar ou mesmo um link, precisei caçar no site da Acer pra descobrir a voltagem adequada pra adaptar uma fonte e ligar o trambolho.
A imagem também nunca foi das melhores, talvez funcionasse pra jogos, mas nunca pegou as cores das minhas ilustrações direito, as corem eram pálidas até se comparada ao meu antigo notebook, cuja tela touch era um enorme espelho.
O meu erro claramente foi não ter ouvido todos os sinais do universo dizendo que eu devia ter devolvido quando chegou aquela bomba, mas sendo honesta não tinha mais nada nessa faixa de preço, somente monitores chineses que não me pareciam muito melhores e sequer teriam garantia no caso de problema.
Pois depois de 10 meses de uso ele, é claro, deu problema. Começou com piscadas que atribui a uma incompatibilidade de driver, mas evoluiu pra riscos, imagens fantasmas e se tornou basicamente inutilizável.

Eu, munida com todo meu ódio e hobbie pessoal de avaliação, fiz uma longa reclamação no Reclame Aqui relatando tudo. Depois de vai, volta, ligações, papeladas, idas ao correio, consegui o tão sonhado reembolso.
Pois, afinal, o problema foi mesmo um livramento, mas ainda assim eu precisava de um monitor de apoio.
Lá em 2022 quando fizemos nosso primeiro mochilão sem tanto planejamento eu havia usado o nosso pequeno Galaxy S6 Lite como monitor portátil improvisado e ele funcionou incrivelmente bem. Hoje em dia o Mayke usa pra trabalhar diariamente, por isso decidi investir um pouco mais e comprar, não um monitor que me trouxe tanta dor de cabeça, mas um tablet.
Pesquisei muito e no final escolhi o Lenovo P12, comprei junto a caneta original da marca e uma capinha da shopee. Pois foi uma troca fantástica, ele é um modelo com uma tela particularmente grande de 12,5pol, a imagem é ótima e consigo estender a tela do meu notebook tranquilamente nela.

Pra conectar uso o aplicativo gratuito Spacedesk. Uso um cabo ligado ao notebook que funciona tanto de conexão quanto carregamento. A imagem tem um pouco de lag, mas nada que atrapalhe no dia a dia.
Agora eu tenho um monitor de apoio touchscreen (olha se o mundo não dá voltas não é mesmo) que de quebra também funciona como mesa digitalizadora. Usando a caneta original da Lenovo (que possuí bateria e bluetooth) a tela possuí rejeição de palma, então é possível desenhar no Illustrator/Photoshop direto na tela do tablet e usar os comandos touch pra mexer os objetos.*
*Fica a curiosidade que as mesas digitalizadoras com tela, ou displays capacitivos não possuem touchscreen, ao menos nos modelos de entrada. Eu tenho uma Huion Kanvas que está há anos guardada, porque acho realmente incomodo desenhar na tela, mas não poder encostar nela pra mover os objetos.
Além disso ele também é, obviamente, um tablet que funciona a parte do computar e adiciona toda uma nova camada de possibilidades. Consigo, por exemplo, ouvir música nele enquanto trabalho (sem os barulhinhos chatos do windows) e fazer meus rascunhos com o Ibis Paint .

Esse post ficou um tanto extenso, mas é preciso imaginar que uma parte enorme da vida do nômade digital se passe...bom no mundo digital.
Sei que os bancos de imagem vendem pessoas trabalhando de cadeiras de praia e curtindo a vida, mas nós não estamos de férias. Vivemos normalmente como assalariados, fazendo entregas e ficando online de segunda a sexta.
Além disso todo o contato com amigos e família se dá através do computador e grande parte do tempo nossa diversão é online. Só no fim de semana e horas vagas (as quais não estamos incrivelmente cansados pela correria) que realmente saímos e conhecemos o lugar que estamos ficando.
Digo isso pra explicar a importância pra nós dos nossos equipamentos. Além somente uma ferramenta de trabalho são eles que nos possibilitam esse estilo e de vida e nos conectam com o mundo que estamos explorando.
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